Raimundos no Circo

Enquanto o “Rock” in Rio apresenta artistas como Cláudia Leitte e Katy Perry, muitos se perguntam, o que aconteceu com o rock de verdade? Não só pelo fato do maior festival de música do mundo depender de 3 ou 4 bandas para justificar a palavra “rock” que carrega em seu nome. O estilo em si está diluído nos NxZeros, Fresnos e Restarts da vida.

No dia 15 de julho, a banda de rock mais original que o Brasil já produziu fez um show memorável no Circo Voador. O Raimundos, junto a pouquíssimos outros representantes do verdadeiro rock, continua no mesmo foco.

“Cara, o show do Circo Voador foi demais! Aquilo dali foi um negócio muito emocionante. Fazia tempo que a gente não tocava no Rio com um show só nosso e aquilo foi maravilhoso. Todas as músicas na ponta da lingua, até “Jaws”. Galera curtindo muito. Eu acho que o coração da galera está aberto de novo e isso pra mim é o principal. Eu deveria ter feito o DVD lá no Circo, ia ser maravilhoso. O Rio de Janeiro é um lugar muito importante pra gente. O feeling do carioca é diferente. Quando a galera do Rio gosta, pode saber que todo mundo está gostando. Afinal, no Rio se gosta do que é bom. O Circo Voador mostra que estamos no caminho certo.”

– Digão

Depois do show de abertura feito com classe por outra banda de extrema importância para o rock nacional, Dead Fish, a atração principal da noite subiu ao palco para tocar um setlist de peso para os fãs ali presentes. E não eram poucos. A fila para entrar na casa começava nas roletas do Circo, passava pelos arcos da Lapa e terminava lá nas barracas do outro lado da praça. À um preço de R$25, naquela sexta-feira, aquele era definitivamente o lugar para um carioca estar. Os caras também não decepcionaram. “Puteiro em João Pessoa”, “Bê a Bá”, “Palhas do Coqueiro”, “Eu Quero Ver o Oco”, e muitas outras obras-primas do início da banda foram revisitadas, além de hits mais recentes como “Me Lambe”, “Mulher de Fases” e “A Mais Pedida” e a nova, “Jaws”.

Realmente, uma noite para ficar na memória. E é em momentos como esse, depois de ver Rihanna fechando uma noite de Rock in Rio, que a frase “relembrar é viver” conforta, pelo menos na medida do possível, os que ainda respeitam aquilo que lendas como Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Little Richards tão preciosamente criaram e passaram para as gerações seguintes.

“Realmente o cenário musical hoje, o chamado “mainstream”, eu particularmente não curto. Eu acho que o rock n’ roll era bem diferente na nossa época. As bandas eram mais fortes e mais variadas. Hoje em dia só existem dois estilos na rádio: ou você faz o estilo “alternativo” ou você faz emo. Na nossa época era uma coisa completamente variada. Você tinha uma banda de reggae, uma banda de rock, uma de ska, cada uma com as suas características, todas muito variadas e bombando. Hoje é tudo muito segmentado, dois estilos e acabou. Eu não curto e espero que isso mude. A música está indo pelo ralo. Tudo está muito descartável. Ninguém faz mais música para eternidade, é tudo datado. Eu não vejo isso com bons olhos nem com bons ouvidos.”

– Digão

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