Diário de Bordo: Dez dias em Desert Point

Essa viagem para Indo esse ano está uma loucura! Já fazem vários dias que estou por aqui e ainda nem pisei em Bali praticamente. No dia que eu cheguei, meus amigos me pegaram no aeroporto e fomos direto para Desert. Nos posts anteriores do Diário de Bordo, coloquei fotos e alguns breves depoimentos sobre esse lugar, mas como nunca tinha internet e nem tinha muito tempo, acabava deixando passar um monte de coisas que eu queria falar sobre a trip e sobre aquele lugar.

Para quem não conhece, Desert Point é considerado por muitos a melhor onda do planeta. Eu sei que é super difícil se dizer isso diante da infinidade de picos perfeitos que temos ao redor do mundo. É natural que as opiniões variem de surfista para surfista quando a questão é “Qual é a melhor onda?”. Porém, quando de trata de Desert Point podemos abrir uma exceção.

Eu costumo dizer que Desert é a melhor onda para boa parte dos surfistas que tiveram a oportunidade de ir até lá. É uma onda fácil de ser surfada e satisfaz plenamente os mais diferentes níveis de surfistas. Para surfar lá você não precisa ser profissional ou surfar muito bem para pegar o melhor tubo da sua vida. Em contraponto a toda essa história tem o crowd, que a cada ano que passa chega em maior quantidade.

Para quem nunca foi até lá, Desert Point fica na Ilha de Lombok (próxima ilha ao sul depois de Bali). Para chegar lá de carro saindo de Bali são duas horas até um ferry boat, mais cinco horas dentro dessa embarcação lotada de carros e motos e depois mais umas duas horas numa estradinha na qual os últimos 30 minutos você tem que subir e descer uma montanha numa estrada com buracos por todos os lados.

Chegando na praia, existem hoje cerca de 5 a 10 warungs (pequenas vendas) e algumas casinhas bem “roots” que os locais alugam os quartos. Essa estrutura aumenta a cada ano conforme o número de surfistas cresce.

O que acaba ficando de fora da maioria das matérias e depoimentos das pessoas que passam por lá é a degradação causada por esse turismo e a falta de estrutura que as famílias locais tem. Para começar, não existe coleta de lixo e todo resíduo produzido ali vai para o mar, para a terra ou é queimado. Saneamento é outra coisa que a população não conhece. Outro problema é falta de escolas na região, que segundo um local, são muito poucas e só vão até a quinta série. Depois disso se alguém quiser continuar tem que ir morar em outro lugar, e muitos não têm condição. As mulheres acabam engravidando cedo e os homens arrumam qualquer bico que aparece pela frente. Essa é a realidade.

Apesar desses problemas, não é difícil arrancar um sorriso de qualquer morador local, até mesmo dos que aparentam vidas sofridas dentro dos olhos. Talvez esta seja a maior virtude desse povo.

Depois de quase dez dias em Desert, já surfei muitos tubos, fiz novos amigos, imagens alucinantes, encontrei com meu irmão, que estava “perambulando” pelas Mentawai com alguns bons amigos e depois apareceu por lá, fiz amizade com os locais, ou seja, comecei minha trip com o pé direito.

Separei aqui algumas fotos que ilustram este post e minha estadia nesse lugar incrível que eu pretendo voltar por muitos anos!

Black BoxDiario de Bordo: Indonésia 2012Surf