Diego Silva: Na cara e na coragem em Cloudbreak

Diego Silva, carioca de 21 anos, local do Recreio dos Bandeirantes, teve um sonho realizado e transmitido ao vivo mundialmente na última sexta-feira. Ele foi um dos privilegiados freesurfers que apostaram na trip para Fiji, com a previsão de um megaswell durante a etapa do WCT Volcom Fiji Pro, e que acabaram surfando um dos dias mais épicos dos últimos tempos em Cloudbreak. Há quase um ano, Dieguinho está morando com sua namorada na Califórnia e vem se dedicando cada vez mais às ondas grandes. Na semana passada, com apenas um dia de antecedência, ele ligou para Stephan Figueiredo e o convenceu a embarcar numa missão e os dois se encontraram já no resort à 20 minutos de barco de Cloudbreak…

Layback: Como foi essa ida de última hora pra Fiji?
Dieguinho: Desde o swell do ano passado que sonho em pegar essa onda. Acompanhei esse swell desde o início e quando vi que estava todo mundo indo, coloquei a maior pilha no Fun para a gente ir e ele pilhou, então fomos (risos). No meu voo já tinha uma galera, só ídolos (Greg e Rusty Long, Makua Rothman, Derek Dunfee, Ian Walsh, Twiggy, Nathan Fletcher)! Aí nos encontramos já no Resort, ele chegou algumas horas antes de mim.

Layback: E aí vocês já caíram logo de manhã…
Dieguinho: De manhã o mar ainda estava subindo. Quebrei minha 8’4 tomando na cabeça, tomei muita onda na cabeça nessa sessão mas quase saí de um tubo irado.

Layback: Que outras pranchas você tinha no quiver?
Dieguinho: Levei mais uma 6’4, uma 6’8 quadriquilha, e uma 9’2 Tokoro quadriquilha, que foi a que eu peguei o tubo à tarde.

Layback: E naquela tarde, você acha que dava pra ter rolado o campeonato?
Dieguinho: Não. Primeiro que muito dos competidores não tinham equipamento para cair no mar daquele tamanho. E segundo que eu teria ido até lá à toa. (risos)

Layback: Compreensível! Mas tirando esse detalhe, você acha que foi uma boa decisão da parte da organização do evento?
Dieguinho: Achei sim. Acho que não ia ser um dia com aquela constância de onda surfada, sabe. Poderia acontecer de várias pessoas acabarem com um somatório muito baixo.

Layback: E durante o freesurf da tarde, como era a vibe no lineup?
Dieguinho: Todo mundo respeitando uns aos outros. Quando alguém remava pra ir, ninguém mais remava. Na segunda caída que dei, que foi quando eu peguei o tubão, eu estava bem seletivo. Queria muito pegar uma onda boa.

Layback: E aquela foi a única onda na qual você remou pra ir?
Dieguinho: Foi.

Layback: Um tempão ali parado no lineup, rolou uma pressão? Muita gente se ralando no coral?
Dieguinho: Rolou porque tinha uns caras que iam em cada onda… (risos). E também vieram duas ondas da série, muito, muito grandes. Aquela que levou a prancha do Mark Healey foi a primeira delas. Mas uma coisa me surpreendeu bastante, não vi ninguém ralado.

Layback: Quando você saiu daquela onda, qual foi a primeira coisa que você pensou?
Dieguinho: Na verdade, eu queria saber se tinha sido boa ou não. Daí, quando eu tava voltando, era todo mundo gritando e falando da minha onda. Aí que eu pensei: “é, a onda foi boa mesmo…” (risos).

Layback: Foi mais fácil ou mais difícil do que você imaginava?
Dieguinho: Mais difícil! A onda é muito rápida e você, com a prancha grande, acaba tendo menos agilidade.

Layback: Aquela foi a maior onda que você já pegou? (Assista ao vídeo da onda aqui)
Dieguinho: A maior onda eu não sei, mas o maior tubo foi sim, sem dúvida! (risos)

Layback: E aí, qual o proximo passo? Vai subir mais ainda essa escala?
Dieguinho: Sim, quero subir cada vez mais, com certeza. Isso é so o começo!

Layback: Uma onda dessa em Cloudbreak é o sonho de qualquer um, agora que você já surfou ela, você sonha com o quê?
Dieguinho: Foi mais ou menos um sonho. Meu sonho é ganhar o XXL.

Layback: E você tem o foco em alguma onda em específico?
Dieguinho: Minha meta é ir pra todos os swells possíveis, para evoluir cada vez mais e chegar no topo.

Layback: E aquela fissura de Mavericks, já deu pra matar?
Dieguinho: Mais ou menos porque no dia que eu fui, não estava tão grande. Quero ir em um dia grande e, se Deus quiser, pegar uma boa.

Layback: Você tá morando na Califa já há quase um ano. Pretende ficar por lá mesmo ou tem algum outro plano?
Dieguinho: Sim, quase um ano. Não tenho nenhum plano ainda, estou deixando rolar. Por enquanto vou ficar por lá, mas nao sei até quando.

Dieguinho mal chegou de Fiji e já embarcou para mais uma temporada no México. Aguarde novas notícias de lá em seu Blogbook.

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