Hawaii 2011-2012 – Parte II: O Crowd

– O Crowd no Hawaii –

“Uma compilação de reflexões sobre o tema”


“Recentemente, andei pensando sobre o crowd aqui no Havaí durante a temporada. Esses dias, cruzei com o Bino (Bernardo Lopes, surfista baiano que quebra!) na areia de Pipe e ele tinha acabado de sair da água… estava inconformado. Na hora, chegou a dizer que já não tinha mais vontade de vir para o Havaí, isso sem contar que ele tinha chegado fazia apenas 3 dias. Eu concordei com todos os argumentos dele e disse que também estava inconformado com aquilo que estava vendo. Pipe é crowd desde que eu me entendo por gente, mas atualmente, na véspera dos campeonatos, está ficando em um nível quase insurfável! Há alguns anos eu vinha compartilhando de uma teoria que diz que o Havaí era mais crowd no início da temporada e depois da virada do ano a quantidade de surfistas ia diminuindo gradativamente. A partir dessa ideia, eu falava para todos que perguntavam que se o objetivo fosse trabalhar (fazendo fotos para as revistas e sites), era melhor chegar bem no início da temporada e, por outro lado, se o objetivo fosse apenas pegar onda, aí era melhor vir para cá no final da temporada. Essa semana percebi que estou enganado, já não tem mais como tentar surfar os principais picos do North Shore sem crowd em nenhum momento da temporada. Os campeonatos ganham cada vez mais status e atraem mais surfistas, bodyborders, body surfers…a p#*!@ toda, a cada ano que passa.
Para você ver, já estamos no final de janeiro e ontem, dia 23, começou a janela do WS 5 estrelas em Pipe, que vai até o inicio de fevereiro. Aí, no dia 10 começa a janela do mundial de bodyboard que vai até o dia vinte e poucos… e acho que depois ainda tem um dia de campeonato de “jacaré” em Pipe. Assim esses caras me matam. Sabe o que isso significa?! Que além de não poder surfar os melhores mares nesses períodos, nos dias que não rola evento, o mundo todo que veio para cá competir estará dentro d’água treinando para suas respectivas baterias… Ou seja, não tem mais saída, meus camaradas. Como já dizia Capitão Nascimento: ‘ou se omite, ou vai para guerra!’, e é isso que temos feito por aqui. Continuamos indo para a guerra, pois a vitória (um tubasso em Pipe) faz valer a pena todos os obstáculos desse desabafo.”

Gabriel Pastori

“Há anos venho para o Hawaii e uma das maiores dificuldades para nós (haoles) é conseguir pegar uma onda boa. Principalmente nos dias bons. A quantidade de surfistas em picos como Pipeline e Rocky Point é inacreditável. Às vezes nos perguntamos se é possível pegar onda no meio de tanta gente. Conhecer e reconhecer os surfistas no meio do crowd em qualquer pico no Hawaii aumentará bastante as chances de você pegar ondas boas. Nos últimos 10 anos, vi muita coisa acontecer e vejo que, apesar do crowd continuar o mesmo em número de pessoas, o localismo anda bem mais tranquilo do que nas minhas primeiras temporadas. Uma das receitas para conseguir pegar ondas boas no Hawaii e com menos crowd é: 1 Não levar o crowd com você; 2 Chegar zero hora para surfar; 3 Passar o dia todo na praia. Obs.: Você está no Hawaii para surfar e não de férias!

Stephan Figueiredo

 

“Hawaii é um lugar alucinante, uma ilha paradisíaca, quente e que rola altas ondas. Até aí, tudo bem, tirando os locais nervosos e o crowd faminto pra pegar a sua, o Hawaii é o paraíso. Hoje vi Backdoor quebrando perfeito, 4 à 6 pés, tubo toda onda e a onda inteira. Chega a ser frustrante, ver as melhores ondas do mundo tão perto mas tão longe ao mesmo tempo. Nesses dias muito perfeitos é praticamente impossível pegar alguma onda. Enfrentar aquele crowd é uma das coisas mais estressantes que pode existir no universo do surf. Valorizo muito o trabalho da galera que enfrenta aquela situação, mas não dá pra mim… Peguei as minhas ondinhas, fiz um tubinho que outro, mas não consegui pegar as ondas que eu gostaria de ter pego. Um dia ainda vai vir a minha… assim espero!”

Nelson Pinto

 

“O Hawaii é realmente um paraíso. Um lugar mágico, altas ondas, água quente, sol… porém, como em todos os lugares, existe o famoso e chato CROWD. Acho que localismo existe em todos os lugares, ainda mais no Hawaii, que só dá onda de outubro a março. Deve ser muito difícil para os locais, ter tão pouco tempo de surf no ano e ainda ter que dividir a mesma onda com mais mil outros surfistas. Por outro lado, chega a ser exagerado o que eles fazem com as pessoas. Xingam, quebram prancha e até saem na porrada. Têm dias no Hawaii que eu fico na pior vala só para não ter que enfrentar aquele crowd absurdo, não consigo ficar na água esperando por uma hora pra pegar uma onda, ou às vezes, nenhuma.”

– Rafael Texeira

“Quando se fala em Hawaii, o que me vem à cabeça são altas ondas e um único lugar… Pipeline. Venho me dedicando há alguns anos a essa onda tão incrível e tubular. Mas nem tudo são flores. É quase impossível pegar uma da série e o crowd dos locais é bem pesado. Ali dentro é como se fosse um jogo de xadrez pra mim, a qualquer momento você pode dar o xeque-mate e pegar o tubo da temporada, ou o melhor tubo da sua vida. Essa temporada não está sendo diferente. Sempre que tá quebrando, estou eu lá no meio, tentando pegar o meu tubo! Ali dentro não tem muito blá, blá, blá, tirando os locais, que conversam entre si. O resto da galera fica na tensão porque não sobra muita coisa, e você tem que disputar onda, ter cuidado para não rabear… Remar na prioridade e não ir é outro erro fatal, pois você teve a oportunidade e não foi… na próxima, com certeza vão na sua onda. Ah! E os locais estão SEMPRE na prioridade.”

Dennis Tihara

 

“Ano passado, na minha primeira temporada, eu fui em fevereiro. O crowd não estava tranquilo, mas também não estava tão sinistro. Dessa vez eu fui em novembro (época dos campeonatos) e o crowd do Hawaii realmente é uma coisa MUITO louca! Muito difícil de pegar onda… Até consegui pegar bastante onda, mas não as melhores. Eu não tenho muita paciência pra ficar esperando a melhor e,  mesmo assim, se a melhor viesse pra mim eu não iria pegar, pois um local iria aparecer de algum lugar! Em Pipe, eu ficava no rabo, mas ao longo da temporada eu fui me soltando e ficando cada vez mais dentro do pico, pegando as menores que sobravam…”

– Victor Bernardo

 

“Sempre rola uma adrenalina dentro d’água. Você tem que olhar pra todos os lados até o momento do drop, para conferir se não tem ninguém vindo mais de trás, se não, acaba rabiando ou atrapalhando alguém e aí pode resultar em conflito. Mas na real, quando cheguei, imaginava uma coisa muito pior, mas é verdade que os locais sempre pegam as melhores, e as que sobram: salve-se quem puder! Mas estou amarradão por ter pegado boas ondas e ainda ter a oportunidade de um registro.”

– Paulo Curi

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