O melhor das finais do Billabong Pipe Masters 2014

O último dia de Billabong Pipe Masters 2014 entrou pra história. Gabriel Medina não só se sagrou o brasileiro melhor colocado na competição, como também se consolidou como o primeiro brasileiro campeão mundial do WCT.

Isso você certamente já sabia, mas a compilação de highlights do dia decisivo em Pipe nos dá uma boa perspectiva de alguns dos melhores tubos surfados por lá em um dia corrido e intenso de competição. Alejo Muniz é um nome que merece destaque, sendo o algóz de ninguém menos que o melhor surfista a ter surfado em Pipeline, Kelly Slater, e depois providenciando o título mundial de Medina antecipadamente, ao despachar Mick Fanning  no Round 5. Alejo parou nas quartas e ficou a uma bateria da sua reclassificação para a elite mundial em 2015.

Filipe Toledo também chegou às quartas, enfrentando Medina na sequência do anúncio de seu título mundial. Medina comemorou e depois voltou para a água com 15 minutos restantes para vencer mais essa e seguir em frente até a grande final do evento contra Julian Wilson.

A promessa australiana Julian Wilson começou sua rivalidade com o atual campeão mundial em 2011, quando Medina o venceu na final do Quiksilver Pro France para levantar seu primeiro caneco como surfista da elite mundial (em seu segundo evento no WCT). No ano seguinte, Julian Wilson venceu a final do Rip Curl Pro Portugal em cima de Gabriel Medina com a decisão de julgamento mais polêmica dos anos recentes no WCT, o que causou um duradouro mal estar entre os dois e uma repercussão imensa na mídia.

Ontem, a disputa tinha um ar um pouco diferente. O campeão mundial, muito mais amadurecido pessoalmente e strategicamente em sua forma de competir enfrentava um Julian Wilson mais humilde, com os pés no chão. Julian voltou a disputar os eventos WQS há alguns meses atrás no intuito de assegurar sua ameaçada vaga na elite mundial em 2015. Os dois começaram a bateria com excelentes tubos em Backdoor, sendo o primeiro de Julian o tubo que definiu o – alto – padrão das notas da bateria com um 9.93, e o de Medina uma nota 10 que o colocou na liderança durante toda a bateria. É claro que os juízes estavam valorizando mais as ondas de Backdoor, assim como nos eventos dos anos recentes em Pipe, e o torcedor pode se antecipar ao apontar um erro na estratégia de Medina ao deixar, com a prioridade, Julian pegar a primeira onda da série que abriu perfeita para Backdoor com 1:30 restantes no relógio. Porém, é bem provável que se Medina pegasse esta primeira onda e deixasse a de trás para Julian pegar de backside, a onda de Julian – que valeu 9.70 e a virada de última hora – valeria ainda mais caso o australiano saísse do tubo, pela dificuldade muito maior de ter sido surfada de backside. Isso nos leva a crer que a decisão poderia ter tombado para qualquer um dos dois lados, e haveriam justificativas pra isso. Mas já se foi o tempo em que a ASP divulgava notas oficiais justificando decisões no julgamento de baterias, se foi o tempo em que Medina como um “brasileiro injustiçado” no Tour precisava protestar pela decisão dos juízes contra ele… e se foi o tempo até mesmo da própria ASP! Nesta ocasião, ele só deu continuidade a sua comemoração como brasileiro campeão mundial pela WSL. Novos tempos…

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