PERFIL DO PICO: Itacoatiara

Guilherme Sodré, local de Itacoatiara, em Niterói, apresenta para a Layback o seu quintal de treinos e freesurf diário. Segundo Guilherminho, o pico pode te proporcionar a onda da sua vida. Dê uma olhada nas fotos de Tony D’Andrea e tire suas próprias conclusões.


Itacoatiara… Sempre que esse nome é citado em uma conversa sobre ondas, o assunto fica mais sério!

Tipo de onda

Apesar de já ter tido a oportunidade de conhecer alguns dos melhores beach breaks do mundo, nada se compara a pegar altas ondas no quintal de casa. Algumas pessoas cometem o erro de compará-la com Paúba que, na minha opinião, é menos constante e manobrável.

A onda é famosa por ser bastante tubular, rápida e quebrar com muita potência perto da areia. Porém, em alguns dias o pico oferece paredes perfeitas para qualquer tipo de manobra.

Podemos definir três picos distintos: Costão, Meio e Pampo.

O costão – canto esquerdo da praia – proporciona canhotas muito boas para qualquer nível de surfe.  Um ponto positivo é a facilidade de varar a arrebentação, com a ajuda da correnteza ao lado da pedra.

A onda do meio da praia é foda. Me desculpem o palavreado, mas é a melhor maneira de definir triângulos perfeitos que proporcionam tubos incríveis. Em dias grandes, é o lugar mais perigoso, pois a correnteza é absurda e isso pode dificultar muito a sua vida.

Já o Pampo, em dias de ondulações de sul ou sudoeste, proporciona direitas perfeitas. É o lugar da praia que recebe mais ondulação.

Melhores condições

As melhores condições acontecem depois da passagem de um grande swell, que joga a areia – que normalmente fica depositada perto da praia – mais para o fundo, criando bancadas em toda a extensão da praia.

Outra maneira de conseguir pegar altas ondas é depois de um swell de leste. Isso acontece porque neste caso a corrente deposita areia ao lado da pedra do Pampo, deixando o fundo perfeito para receber ondulações de Sul e Sudoeste.

Com relação ao vento, as melhores direções são norte e nordeste, que entram de terral.

Pontos positivos

Acredito que o maior ponto positivo de Itacoatiara é oferecer condições que te proporcionem surfar a onda da sua vida.

Outro ponto positivo é o fato de não se precisar remar feito um corno para chegar no outside. Basta meia dúzia de braçadas e você estará no pico para surfar a próxima onda.

Cercada por montanhas imponentes e muito verde, a praia tem um visual alucinante, além de ser “muito bem frequentada”. Basta dar uma caminhada do Costão até o Pampo em um dia sol, para entender do que estou falando.

Pontos negativos

Infelizmente, Itacoatiara é o pico mais imprevisível do mundo… A previsão pode indicar condições perfeitas, e no dia seguinte o mar estar uma porcaria. Por outro lado, você pode chegar na praia em um dia em que o mar está horrível e, meia hora depois: altas ondas!

Se você é aquela pessoa que gosta de ter um quiver com pranchas novas e bem cuidadas, que pensa duas vezes antes de dar um floater, com medo de trincar sua “queridinha”, não perca seu tempo vindo surfar aqui.

Sou um cara que dou valor ao meu equipamento, mas não tenho tempo de me apegar a ele. A prancha que venho usando mais é uma preta de epoxy, que o Claudio Valle fez pra mim há uns dois anos. A velhinha é muito boa e não quebra de jeito nenhum!

Outro ponto negativo é o desperdício de swells. Em certos dias, o Rio de Janeiro inteiro tem altas ondas e aqui ficamos assistindo ondulações alinhadas, água verdinha, vento terral… porém: quebrando na areia, sem condições para o surf. É triste…

Crowd

Itacoatiara é praticamente a única opção de surf em Niterói, fazendo com que o crowd seja um pouco chato. Digo chato não de uma maneira pejorativa, pois ninguém vai te insultar na água por nunca ter te visto aqui. O problema é que quando tem altas ondas, junta a secura de uma cidade inteira em um único lugar e isso as vezes gera alguns problemas. Tirando este pequeno detalhe, considero a galera local bastante receptiva.

Em um dia de altas ondas, você vai surfar ao lado de caras como Guilherme Herdy, Bruno Santos, Ricardo Tatuí, Dodo de Mello, Dudu Pedra, José Otavio, Guilherme Correia, Giu, além de vários outros surfistas e bodyboarders cascudos, que você talvez nem conheça, mas são ídolos locais, como: Rafael Cury, Beg, Japão, Amir,  e vários outros nomes que serei cobrado por não ter citado, mas que agora não me vêm a cabeça.

Dia épico

Tenho certeza de que nasci para viver esses dias. Um que não me sai da cabeça foi há uns 6 ou 7 anos…

Não me lembro de detalhes que antecederam minha chegada na praia nem o que pensei na hora. Acho que fiquei tão emocionado e empolgado com o que estava presenciando, que tudo que não era relacionado àquele momento se apagou da minha memória.

Foi um dia em que não havia nada fora do lugar, 6 pés, terral, água cristalina, sol e praticamente 90% das ondas eram tubos perfeitos. Simplesmente isso.

Este dia foi registrado pelo meu amigo Gustavo Camarão, que na época estava produzindo o filme “QUE isso?”.  Quem viu sabe exatamente do que estou falando e, quem não viu, veja!!!

Dia flat

Pra quem gosta de curtir uma praiana, considero Itacoatiara o lugar ideal, pois é uma praia maravilhosa e com uma estrutura relativamente boa. Ambulantes uniformizados vendem sanduíches deliciosos e matte gelado. Sempre como e até agora não tive problemas.

Em dias sem onda, é legal fazer uma caminhada ecológica na Serra da Tiririca, que fica no entorno da praia. Em mais ou menos uma hora, você chega ao topo da montanha, que proporciona um visual incrível. Basta escolher entre o Costão, Morão ou o Morro da Andurinha. Uma dica é ir logo cedo pela manhã, por causa do forte calor, ou curtir o visual do final de tarde, que é absurdo!

 

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