RETROSPECTIVA: Swells do Pacífico Sul

A temporada teve um início ainda bem modesto no Hawaii e Califórnia, com fraca, ou praticamente nula incidência de grandes swells até agora, tornando ainda maior a expectativa para os próximos meses do inverno no hemisfério norte.
Porém, os aficionados por grandes ondulações não tem do que reclamar este ano. O seleto grupo de surfistas que dedicam suas vidas a perseguir swells mundo a fora, foi agraciado com um ano histórico, com ondas grandes e perfeitas quebrando com frequência nos quatro cantos do planeta.


PUNTA DE LOBOS – CHILE

A temporada de inverno no pacífico sul foi aberta com chave de ouro quando um grande swell encostou na costa chilena no final do mês de maio e, como a primeira etapa do circuito mundial de ondas grandes, o Big Wave World Tour (BWWT), encontrava-se em janela de espera, alguns dos maiores nomes da modalidade se dirigiram para a cidade de Pichilemu, onde o Quiksilver Cerimonial Punta Lobos foi realizado com as maiores e melhores condições da sua história.

Com séries que passaram dos 25 pés em Punta Lobos, o brasileiro Marcos Monteiro deu um show nas esquerdas mega geladas para se tornar o primeiro atleta tupiniquim a vencer uma etapa do BWWT, assumindo a ponta do ranking na corrida pelo título mundial da temporada.

“Já surfei várias temporadas no Chile, é uma onda que conheço bem. Segundo disseram os próprios locais, como o Ramon Navarro, nesse dia tivemos as melhores e maiores ondas de todos os anos do campeonato, e gracas à Deus consegui superar a todos e vencer a etapa”

– Marcos Monteiro.

CLOUDBREAK – FIJI

Logo em seguida, as boias de monitoramento indicavam que uma nova grande ondulação entraria na segunda-feira (11/06), na ilha de Tavarua, Fiji. Na terça-feira o mar subiu como o esperado, proporcionando séries de até 15 pés de ondas perfeitas, com água quente, cristalina e muito sol.

A elite do freesurf mundial marcou presença para aproveitar uma das melhores ondulações já vistas em Fiji. Nomes como Bruce Irons, Nathan Fletcher, Mark Healey, Reef McIntosh, Dave Wassel, Kohl Christensen, Alex Gray, Garrett McNamara, Dave Gudauskas e muitos outros encontraram-se no lineup de Cloudbreak para uma semana de ondas épicas.

Quem também não perdeu tempo e aproveitou o swell em Fiji foi Kelly Slater. O então dez vezes campeão mundial preferiu o surf relaxado nas ondas perfeitas e quentes do Pacífico e não compareceu a etapa do WT em Jeffreys Bay, na África do Sul. Kelly desculpou-se com os fãs, com a ASP e a patrocinadora do evento através de mensagens postadas em seu Twitter, onde também reverenciou a semana inesquecível que teve na ilha de Fiji.

“É incrível como metade das pessoas te incentivam a ir atrás do que você ama… já a outra metade… é… elas não devem estar atrás do que amam… Eu vi uma ondulação que só se vê uma vez na vida! .

– Kelly Slater

PUERTO ESCONDIDO – MÉXICO

Após Fiji, foi a vez da América Central ser o centro das atrações com a temporada mexicana em Puerto Escondido.

Apesar de ter ficado abaixo das expectativas no que diz respeito a ondas grades, o beach break mais potente do planeta mostrou a sua força em meados de julho, quando séries de até 15 pés quebraram na praia de Zicatela, proporcionando um show de tubos e vacas absurdas bancada de areia mais sinistra do planeta.

Entre os cascas-grossas que encararam as morras de Puerto estavam os brasileiros Felipe Cesarano, Gabriel Pastori, Diego Silva e Cristiano Bins. Dieguinho, o mais jovem brasileiro no lineup, se destacou no campeonato promovido pelo local Carlos “Coco” Nogales.

“Por mais que não pareça, esse dia estava grande! A primeira que peguei foi uma fechadeira enorme. Logo depois, consegui fazer um tubo irado. O primeiro dia do campeonato foi o melhor e maior, tinha uns 18 pés. Na minha bateria fui o único a fazer um tubo”

– Diego Silva

PICO ALTO – PERU

Quando tudo parecia calmo e sem previsões de grandes swells no Pacífico Sul, uma bomba se formou e atingiu em cheio a costa peruana, onde a segunda etapa do BWWT, o Billabong Pico Alto Invitacional, encontrava-se no final da sua janela de espera.

Pico Alto, localizado em Punta Hermosa, na costa sul do Peru, recebeu alguns dos maiores nomes do big surf mundial para o evento, que rolou em séries que passaram dos 18 pés sólidos, fazendo o tradicional pico de ondas grandes sul-americano funcionar de forma exemplar.

Desta vez, o brasileiro que chegou junto foi Felipe Cesarano, que em sua segunda participação no tour mundial de ondas grandes, arrancou uma terceira colocação em Pico Alto.

“Surfo em Pico Alto desde moleque. E competir lá em um mar daquele, com alguns dos meus maiores ídolos, e ainda ficar em terceiro, foi um sonho”.

– Felipe Cesarano

TEAHUPOO – TAITI

Menos de 10 dias depois, Gordo estava em casa, no Rio, quando foi surpreendido por uma previsão assustadora e totalmente inesperada. Bem no meio da etapa do WT em Teahupoo, no Taiti, bastante criticada por ser realizada em uma época de poucas ondulações grandes na Polinésia Francesa, um swell histórico se formava no Pacífico e literalmente parou a comunidade mundial do surf.

Todas as atenções se voltaram para o Taiti, onde no sábado, 27 de agosto, foi visto o maior e mais bizarro espetáculo da história do surf, com ondas de mais de 25 pés na bancada mais perigosa do planeta, Teahupoo.

O californiano Nathan Fletcher, que surfou uma das ondas mais cabulosas do dia, estampou as capas de algumas das mais conceituadas revistas de surf do planeta, disse que após surfar aquela bomba, não havia se dado conta da magnitude de seu feito.

“Aquela parecia uma onda normal da série, e eu achava que todos estavam surfando ondas daquele nível. Só no dia seguinte, quando o Bruce Irons me enviou a foto da onda pelo celular, foi que me dei conta do que tinha acontecido”.

– Nathan Fletcher

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