Lee “Scratch” Perry fala sobre o Reggae nos anos 70

Lee “Scratch” Perry se apresentou recentemente no Fred Perry’s Sub-Sonic Live. O lendário produtor, o mais importante da história do reggae, é responsável por inúmeras gravações como as primeiras de Bob Marley, The Congos e Max Romeo.

Lee Perry foi recepcionado por ninguém menos que David Rodigan, icônico radialista e DJ de Reggae e Dancehall inglês. A dupla respondeu algumas perguntas para o site Q Magazine sobre o boom do Reggae na Inglaterra e a conexão entre as cenas musicais do Reggae e do Punk britânico durante os anos 70. Muitas grandes bandas e artistas do Reggae inglês, surgiram desta época, como Steel Pulse, Aswad, Black Slate, Black Roots e Adrian Sherwood. Pode-se dizer que esse intercâmbio jamaicano na Inglaterra foi fundamental para o crescimento e a popularização do Reggae no mundo todo, assim como teve forte influência no som de tradicionais bandas inglesas como The Clash, Rolling Stones e The Police.

Leia abaixo a tradução da entrevista na íntegra:

Q Magazine: Como surgiu a “Punky Reggae Party” em Londres em 1977?

David Rodigan: Reggae era uma música dos rebeldes e com isso os punks se identificaram com o estilo, especialmente com o reggae vindo da Jamaica no final dos anos 70. Com grandes hinos como Police and Thieves de Junior Murvin e o clássico dub King Tubby Meets The Rockers Uptown de Augustus Pablo.

Lee Perry: Bom, eu estava na Inglaterra, e todos os punks estavam à minha volta, The Clash, The Jam e Sex Pistols. Após The Clash ter feito um cover de Police and Thieves, Bob Marley veio a Londres me visitar. Eu havia escrito Having a Party por lá e tentei gravá-la com Bob e o Third World na Island Records, mas não deu certo. Então fui à Jamaica e consegui gravá-la com Borris Gardener e outros músicos jamaicanos. Bob nessa época já estava morando em Miami, então levei a faixa para lá e a gravei com ele.

Q: O quão importante foi a conexão entre Jamaica e Inglaterra no começo dos anos 70, como por exemplo, a visita de Lee Perry e Bob Marley?

LP: Naquela época a Inglaterra apoiava a música jamaicana cem por cento ao máximo. Eles tocavam música jamaicana dia e noite, 24 horas por dia nas rádios. Eles davam preferência à musica jamaicana sobre música americana. Inglaterra fez o Reggae ficar famoso. Eram tempos muito felizes e os ingleses, quase 95 por cento deles, eram loucos pelo reggae music, e isso fez com que o Reggae explodisse! Então eu abençôo a Inglaterra, a rádio BBC e a TV BBC ao máximo!

DR: A conexão Jamaica-Londres foi muito importante no começo dos anos 70, por que o reggae, roots and culture e o dub eram bem underground, e portando só podiam ser escutados de forma autêntica indo para festas jamaicanas e grandes festas de Soundsystem.

Q: Qual é a explicação para o reggae music, que saiu de uma pequena ilha no caribe, se tornar o fenômeno mundial que conhecemos?

DR: Por que o Reggae é um fenômeno mundial? Porque representa em sua forma mais pura o homem comum e se opõe à opressão e à injustiça. O reggae nasceu da difícil situação vivida nas ruas e comunidades de Kingston. Música era uma libertação e trazia algum alívio aos oprimidos.

LP: Reggae music é a música de Vossa Majestade! A música do Rei dos reis! É uma música espiritual com sons do céu e do coração. A batida é a pulsação e o baixo o cérebro. Quando trabalhando em conjunto eles criam mágica. Pessoas de todo o mundo ficam hipnotizadas com as vibrações sexys. Eles sentem a energia e se ligam e querem fazer alguma coisa. Essas ondas sonoras universais se espalham por todo o mundo, porque são originárias do Leão da selva africana, Jah Rastafari. É isso!

Toda a sonzeira mencionada acima, você confere em nossas sessões diariamente na programação da Radio Layback.

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