
O que muitos já previam – ou torciam – parece estar de fato acontecendo: Gabriel Medina está provando sua versatilidade, avançando suas baterias em Pipeline com a mesma frieza que faz nas marolas. O mais incrível é isto estar sendo feito durante um Pipe Masters histórico, em ondas pesadas que só favorecem realmente os locais e especialistas experientes de Pipe.
Usando da mesma estratégia, ou falta de, que o levou à elite mundial e ao alto do pódio no World Tour por duas vezes, o fenômeno parece ter sido iluminado também no maior campo de testes do surf no mundo – Pipe. O script é o mesmo, Medina chega como quem não quer nada, usa de praticamente nenhum critério de escolha de ondas e apenas surfa. Pega ondas boas mas certamente não descarta as piores – que no caso de Pipeline, geralmente são as menores, no inside, tão perfeitas quanto as melhores quebrando lá atras – e garante seus pontos de forma relativamente simples. Isso até ele acertar um daqueles seus aéreos, que desafiam a capacidade de compreensão de meros mortais, no final de uma destas ondas, coisa que ele vem tentando fazer, e não será nenhuma surpresa vê-lo completando um até o final do campeonato. Um prêmio Nixon está em jogo para o melhor aéreo do campeonato e, se completado após um tubo, certamente não será ignorado pelos juízes na pontuação.
Este cenário ajudou Medina a passar para o Round 4, vencendo um lento Travis Logie, com dois tubos no inside na casa dos 6 pontos, mas no Round 4, contra o local instigado Evan Valiere e o expert em tubos Michel Bourez, do Taití, a coisa ficou mais complicada. Medina mais uma vez garantiu sua pontuação com uma onda, desta vez uma das grandes, vinda do segundo reef, mas infelizmente fechando, e depois uma onda menor, com pouco tempo de tubo. Isso lhe manteve na liderança por quase toda a bateria, porém, Medina estava em uma fundação frágil, e no final da bateria foi passado por Evan e Michel, com scores mais consistentes.
Medina caiu para a repescagem mas pode-se dizer que isto lhe favoreceu de duas formas: ele não foi diretamente para as quartas de final contra o anfitrião da casa, Jamie O’ Brien, e também teve a chance de surfar mais uma vez no mesmo dia, se familiarizando mais com a onda.
Gabriel está sentindo a onda e ganhando confiança aos poucos, chegando a ser comparado a Rob Machado por Occy. Já na repescagem, seu estilo de competir voltou a lhe recompensar, já que o mar mudou bastante e, conseguindo seus pontinhos logo no início, deixou o experiente Shane Dorian em uma situação complicada durante o resto da bateria. A chance de Dorian veio logo no final, mas o havaiano sofreu um não característico wipeout ao dropar com certa indecisão sobre a possibilidade de ir em direção à Backdoor. Melhor para o Brasil, que ainda tem seu representante no último dia de PipeMasters, pegando Kieren Perrow nas quartas de final.
Falando em Kieren Perrow, o australiano conseguiu renovar seu passaporte para o World Tour com uma vitória sobre Shane Dorian e Taj Burrow no Round 4. Graças à Shane Dorian, que depois admitiu ter lhe cedido uma das melhores ondas do dia no final da bateria, considerando a importância que ela teria para a carreira de Kieren comparada à dele. Perrow tirou um 9.83 e com certeza fica devendo uma à esta lenda.
A estrela do campeonato, John John Florence, não só passou por um Round 4 tenebroso, contra Kelly Slater e C.J Hobgood, como os deixou em combinação e fez a segunda nota 10 do campeonato. Considerando que a primeira nota 10 era dele mesmo, no dia anterior, e estas foram as únicas que vimos até agora, John John tem todos os holofotes em cima dele e pegando Kelly Slater nas quartas, parece que o último dia não deixará dúvidas que este PipeMasters ficará na história. Principalmente porque foi só na repescagem que Kelly entrou em seu característico modo “Search and Destroy”, quando realmente começa a gostar da brincadeira e geralmente só parar de “se divertir” com o troféu já na mão. Contra o local Kalani Chapman, Kelly botou para dentro de um tubo propositalmente sem usar a ajuda das mãos, como se um tubão em Pipe por si só não fosse suficiente para o 11x campeão.
J.O.B agora pega um inspirado Joel Parkinson e Michel Bourez pega o destaque local Evan Valiere. Agora é só torcer para sermos surpreendidos ainda mais por nosso jovem representante. Vai #BrazilianStorm!
Assista ao Billabong Pipe Masters In Memory of Andy Irons ao vivo.






































