A consciência salgada de Alex Chacon

Alex Chacon acaba de deixar o México, embarcando em um projeto completamente diferente de tudo que já fez até hoje.

O representante brasileiro no Innersection 2012 – ainda sem data de lançamento – esteve duas semanas na pacata cidade de Ixtapa, no México, onde produziu este clipe e trocou uma ideia com a Layback:


Como foi a produção desse curta?

Na verdade eu tinha acabado de participar de um campeonato em El Salvador e eu sabia que tinha duas semanas entre esse último evento que competi e o início do meu novo projeto. Tive a oportunidade de conhecer um amigo, o Heiko Bothe, e ele me convidou pra ir pra casa dele passar essas duas semanas lá fazendo essas imagens. Aí eu peguei um voo diretamente pra Ixtapa onde é a casa dele. Conheci ele pela internet e ele falou que a cidade dele era meio desconhecida, não tinha muita repercussão no surf, não tinha surfista bom… Ele trabalha pra uma empresa que está fazendo uns eventos lá, e quis filmar pra criar uma identidade de surf na cidade. Aí fui pra casa dele e peguei várias ondas, em vários picos diferentes, praticamente sozinho, e foi animal!

Muito diferente da clássica temporada em Puerto Escondido?
Essa é minha primeira vez no México e eu não fui pra muitos lugares, então não tenho muita base de comparação. Eu sei que em Puerto rolam altas ondas é o centro do surf, Salinas também, mas eu vim pra essa cidade totalmente desconhecida e vi um potencial sinistro, quase sem crowd, e apesar de não termos dado a sorte de pegar muito swell, os que rolaram foram irados e surfei praticamente sozinho com o mar clássico.

E como é esse seu próximo projeto?
Se chama Salty Conscience. A ideia inicial era juntar uma grana pra comprar uma van e descer a costa da Califórnia trocando minhas estadias por trabalhos voluntários, na intenção de conhecer pessoas e lugares novos e me tacar surfando, e aí eu tava conversando com uma amiga minha, a Araia, ela também pilhou e hoje é coordenadora do projeto. A gente teve a ideia de fazer um blog, pois vimos que o negócio tinha potencial e comecei a falar com alguns amigos, e acabou que vimos que tínhamos todos os recursos, as pessoas certas pra idealizar a coisa. Um amigo de infância, o Otavio Augusto, que é film maker, decidiu participar e ajudar, outro amigo skatista profissional que conheci na Austrália e sempre estava junto andando de skate e surfando, Vitor Hugo, também decidiu fazer parte, e o artista Daniel Barcelos que é outro amigo de infânica. A gente juntou as forças e organizamos uma data certa de iniciar o projeto, 15 de agosto. A gente vai pegar uma Van, fazer uma viagem de 3 meses iniciando em Tijuana, que é fronteira com a California, e vamos descer até a Colombia. Nessa trajetória vamos visitar as organizações que fazem trabalho institucional, surfando, fazendo um documentário que vai ser publicado no nosso website com uma estrutura de episódios semanais pra galera ter uma relação mais próxima e acompanhar tudo que a gente tá fazendo. Além disso vamos fazer outros tipos de materiais que tentaremos direcionar pra revistas, nossa página do Facebook e Instagram.

E tem alguém apoiando a iniciativa?
A gente apresentou o projeto pra várias empresas e conseguimos o patrocínio de uma ONG que se chama Surfcore, da Califórnia. Eles fazem projetos voltados pro surf e no final da trip a gente está com um foco maior de fazer um documentário pra TV. Também estamos em contato com uma empresa de crowdfunding chamada Fanfuel, na intenção de levantar um budget em troca de premiações como uma prancha minha, telas do Daniel, camisas, etc.

E qual foi a motivação por trás dessa ideia?
A motivação sempre foi buscar dentro de mim mesmo o que realmente quero, que é me relacionar com as pessoas e buscar o lado mais puro, humano e feliz de estar livre, sair da rotina diária. Também a vontade de aprender sobre as culturas e ajudar ao próximo, que de certa forma você acaba ajudando a si mesmo. Essa trip é um sonho sendo realizado.

Você já tinha feito algo desse tipo antes?
Sempre quis e me interessei em ajudar os outros mas nunca tinha achado o momento certo. Agora estou amarradão de finalmente poder conciliar minha carreira com minha vontade pessoal, e estou feliz de ver que estou conseguindo encontrar o que realmente quero. Porque competição pra mim nunca foi a parada, eu sempre estava nos eventos e gostando da experiência, mas estava mais amarradão por estar viajando. Muitas vezes sem dinheiro, eu tive várias aventuras iradas que é o que a vida proporciona e não o que a competição proporciona. Foi legal achar dentro disso um propósito de estar ajudando os outros, se ajudando, evoluindo e crescendo.

Depois disso você volta pra Austrália?
Com certeza, minha mãe mora lá e eu tenho um vínculo muito grande, vivendo lá desde os meus 15 anos. Ao mesmo tempo eu sou muito do mundo, virei nômade nessa experiência de ter viajado tão cedo pra lá, então sou meio desapegado, não sinto muito uma base em algum lugar, mas a Austrália com certeza é um lugar maravilhoso, principalmente por estar ao lado da Indonesia que é um lugar que me encanta muito. Tenho certeza que vou voltar pra lá, não sei se é pra ficar ou não, depende de onde os projetos vão me levar. Agora que eu tive essa postura de mudar minha carreira pra Freesurfer eu quero me empenhar 100% em colocar todo meu foco no surf relacionado a projetos assim e quero botar uma galera que eu conheço pra participar também, tenho certeza que tem muitas pessoas que vão estar amarradonas de participar, e em muitos lugares com as melhores ondas do mundo tem muita probreza, muitas formas de podemos ajudar, e o ideal é a pessoa ir com uma postura de usufruir e ao mesmo tempo ajudar da melhor forma que puder. São atos pequenos que fazem uma grande diferença na vida das pessoas.

Falando em Indonésia, qual foi a repercussão que a sua parte no Innersection teve?
A melhor coisa que tive de resultado do Innersection foi a exposição mesmo. As pessoas viram a sessão e caras como o Josh Kerr, Pat Gudauskas e Joel Parkinson falaram pra mim que ficou animal. Esse reconhecimento foi emocionante porque eu venho de uma guerra muito longa, já não ganho dinheiro no surf faz uns cinco anos, mas continuo achando que o principal é correr atrás do sonho. O maior patrocínio que poderia ter é estar cheio de saúde.


Para saber mais sobre o Salty Conscience Project, acesse www.saltyconscience.com.

EntrevistaLayback TVSurf
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