Brasil, o país do surf

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Já não restam dúvidas, este é o melhor ano para o surf brasileiro em todos os tempos.

Com apenas uma etapa do World Tour restando em 2011, o Brasil é a nação com maior número de vitórias. Quatro no total, sendo três delas nas últimas etapas da França (Gabriel Medina), Portugal (Adriano de Souza) e São Francisco (Gabriel Medina). Além da vitória histórica de Mineirinho na etapa brasileira, realizada no Rio de Janeiro. Os EUA levaram três, todas de Kelly Slater, e a Austrália duas vitórias, com Parko em Bells e Owen Wright em Nova Iorque. Além de uma conquista sul-africana de Jordy Smith em casa, na etapa de J-Bay.

Nunca vivemos nada parecido em toda a história do esporte. E o melhor de tudo isso é que o ataque da nova geração de surfistas brasileiros está apenas começando. Hoje volto a acreditar que teremos um campeão mundial na elite da ASP muito em breve, seja com os que já estão fazendo bonito no WT , ou a molecada que brilha nas divisões de base.

A última vez que fiquei eufórico com essa possibilidade foi através do catarinense Neco Padaratz. Pra quem não lembra, Percy fez duas finais seguidas contra o mito Andy Irons em 2002, uma em Hossegor (França) e outra em Mundaka (Espanha). Na minha opinião, Neco venceu as duas, mas os juízes da ASP não viram da mesma forma e deram apenas a etapa de Hossegor para o brasileiro. Irons veio a conquistar seu primeiro título mundial ao final daquele ano.

Infelizmente Neco passou por problemas de saúde e veio a afastar-se do tour, frustrando grande parte da torcida brasileira que, assim como eu, apostava suas fichas em seu surf para nos levar à almejada liderança entre os melhores do mundo.

Além do caçula dos Padaratz, tivemos Victor Ribas terminando a temporada de 99 na terceira colocação – a melhor até hoje de um sufista brasileiro na ASP – no ano do título mundial da lenda viva Occy, além também a raça e constância de Peterson Rosa, recordista em participações no circuito mundial (de 1993 a 2006 foram 14 temporadas ininterruptas), que ficou na sétima colocação em 2001. Isso sem mencionar Fábio Gouveia, Teco Padaratz, entre outros desbravadores do tour.

Mas agora é diferente, a ascendência dos talentos é rápida e torna cada conquista mais especial. O ranking unificado da ASP, o corte e, consequentemente, a possibilidade de novos atletas entrarem no tour no meio do ano, foram um alento para a molecada brasileira, que brilhava intensamente nas etapas do WS mundo afora. A velocidade com que a as coisas aconteceram para os brasileiros em 2011 chega a espantar, principalmente aos gringos desavisados, que (compreensivelmente) valorizando seus conterrâneos, de repente se viram diante de inúmeras “promessas” verde e amarelas surgindo no topo dos rankings.

Mineirinho, antes apontado por “eles” como um surfista previsível, sem um repertório diversificado de manobras, levou o Brasil ao topo do ranking mundial da ASP pela primeira vez na história, após vencer Taj Burrow na etapa carioca do WT. E, mais recentemente, derrotou Kelly Slater em uma final épica em Supertubos, Portugal, com direito a um tubo nota 9 em sua melhor onda.

É repetitivo? Sim, mas vamos falar novamente do fenômeno Gabriel Medina. O moleque com 17 anos de idade e menos de meia temporada entre os melhores do mundo, já tem já obteve duas vitórias espetaculares no currículo. Nas fases finais, venceu nomes como Kelly Slater, Taylor Knox, Julian Wilson e Joel Parkinson. É até falta de respeito com garoto não colocá-lo como maior candidato aos próximos títulos mundiais da ASP.

Através do seu Twitter, o havaiano Jamie O’Brien não se cansou de rasgar elogios a Medina, sugerindo inclusive um escambo com o moleque, que ensinaria português para ele em troca de ser apadrinhado em Pipeline. Imaginem isso, O’Brien ensinando as manhas em Pipe e abrindo caminho no crowd para Medina passar!

Aliás, quem pensa que Medina está de bobeira em Pipeline se engana. Na última temporada havaiana, ele e o parceiro Miguel Pupo foram vistos com regularidade surfando bem em Pipe, principalmente nos swells de novembro, quando a rainha do North Shore quebrou algumas vezes acima dos 8 pés. Com a ajuda de JOB então…

Quem, assim como eu, está radiante com o surf brasileiro em 2011, pode esperar por dias ainda melhores ano que vem. Como bem disse o melhor surfista de todos os tempos, Kelly Slater, pelo seu Twitter, se Medina não aliviar na velocidade que vem apavorando o circuito mundial, quando chegar aos 20 anos já estará entediado, de tanto vencer.

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