Hawaii 2011-2012 – Parte I: Pipeline

As vezes eu paro e penso o que é estar aqui no Havaí. Para quem não pega onda ou não entende muito da vida de um surfista deve ser meio bizarro entender como um bando de marmanjos e moleques vêm para essa ilha passar meses para pegar onda. Antes de conhecer o lugar você fica imaginando tudo, mas depois que você vive isso aqui, tudo muda. A rotina aqui é diferente, as pessoas, o tempo, as ondas, tudo… Essa é a quarta vez que venho para cá e sempre fico pelo menos dois meses.


Há três anos eu e a galera ficamos na mesma casa, que fica do lado de Waimea. Cinco minutos a pé para o outro lado fica o Foodland, único mercado do North Shore – que basicamente se resume a uma rua de uns quatro quilômetros onde o mundo do surfe se concentra durante alguns meses do ano.

Até agora, alguns momentos marcaram a minha temporada. Logo que cheguei, um swell considerável fez com que boas ondas quebrassem em Pipe. A boa foi que o WT já tinha acabado e boa parte dos competidores já tinha ido embora. Alguns caras como Owen Wright, Julian Wilson e o próprio careca (Kelly Slater), ainda estavam na área e para variar fizeram a mala. Vários brasileiros freqüentadores de Pipe também marcaram presença – eu, Bola (o Gordo), Fun, Jê, Manga, Dieguinho e mais uma penca de moleques da nova geração do Brasil que estão representando muito dentro d’água, mesmo quando as ondas sobem. Ian Gouveia tem pego umas boas diariamente, Luquinhas Silveira, monstrinho como sempre, e Ian Daberkow há algumas temporadas só não chama mais atenção porque a galera pensa que o moleque é mais velho (deve ter uns dois metros de altura, mas tem dezesseis anos).

Depois disso o mar baixou um pouco e voltou a rolar aquele Rocky Point diário. Ondas de até um metro e aéreos para todos os lados com profissionais de todos os cantos quebrando a vala. Nesses dias a molecada faz a festa a festa. A galera que gosta do mar maiorzinho aproveitou para descansar, ir nos outlets, no Cosco (maior mercado da ilha inteira), dar um rolé no Haleiwa Joe’s (único Pubzinho do North Shore), pular da pedra em Waimea, jogar bola, comer Domino’s e Haagen Dazs, Kite surfe, comprar o presente do amigo oculto, entre outras paradas que rolaram nesses dias. Por falar em amigo oculto, o Natal esse ano foi mais uma vez irado. O Stephan Figueiredo e sua namorada, Camila, liberaram a casa e organizaram uma ceia de Natal muito regada.

Foram uns 50 brasileiros reunidos longe de suas respectivas famílias para celebrar a data… muito animal! A entrega dos presentes do amigo oculto é uma zoação a parte. Todo ano a galera fica na maior expectativa para saber quem vai ser mais zoado na hora de receber o presente.

Do natal para o Réveillon pouca coisa rolou. Lembro de um Rocky Piles maneiro que eu peguei umas três ondas e parti minha prancha no meio – nesse dia, eu não fui o único. A virada, a galera aqui da casa decidiu passar numa festinha no Hotel Turtle Bay, ao invés de ir para Town (Waikiki), como de costume. A festinha tava falidassa e neguinho ainda botou a Keala Kennelly de DJ na parada… uma merda! (risos) Mas tranquilo, a galera se encontrou na hora da virada e pelo menos deu para dar uma zoada juntos.

Esse ano começou bem! Logo no dia primeiro, uma ondulação boa entrou e Rocky Point. que ficou animal, com uns 6 pés. Cheguei meio tarde na praia mas ouvi falar que Ian Gouveia e o Ian Daberkow fizeram bons tubos. O segundo dia tinha o típico mar bom de se trabalhar. Uns 6 pés de manhã e Off The Wall com pouco crowd, alguns tubos, vários fotógrafos dentro d’água e sol o dia todo. Arrisco dizer que 90% do crowd era de brasileiros, tinha desde o moleque de 14 anos – Vitor Bernardo – até o Master do Fun (risos!). Ele vai ficar puto quando ler isso…

Agora, estamos na expectativa desta bomba que chega amanhã (dia 4). O Gordo, Dieguinho e Maya estão indo para Jaws, surfar na remada. Eu e a outra parte da galera ficamos aqui para surfar Waimea e tentar pegar algum outside reef por aí… o bicho vai pegar!


O que vem por aí você confere em breve aqui na Layback. Fique ligado!

Veja os vídeos de surf editados por Marc Beaty e Alex Gray, desta temporada.

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