Mais Perto do Que Você Imagina

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É muito difícil falar de picos “secretos” hoje em dia. Na verdade este termo já praticamente virou um apelido usado para lugares que algum dia foram desconhecidos pela maioria. À esta altura do campeonato, quase todos eles já foram descobertos, explanados e, muitas vezes, completamente “crowdeados”. É uma consequência inevitável, a não ser que alguma peculiaridade do lugar a impeça de acontecer, como por exemplo sua acessibilidade. No Rio de Janeiro, a urbanização se extende cada vez mais para o litoral, fazendo do acesso a beachbreaks, uma conveniência. Porém, ainda há algumas exceções. Por mais que todos saibam da existência destas ondas, só mesmo os mais dispostos a apostar em uma trip – às vezes nem tão longa assim – usufruem delas. Por isso, ao falar destes picos, eles continuam sendo “secretos”, em respeito ao que o lugar representa, mesmo para os muitos surfistas que o conhecem ou até surfam lá, mantendo o sonho do “paraíso secreto” aceso por mais algum tempo. Foi o que Guilherme Sodré fez ao relatar uma de suas trips com Bruno Santos, Rafael Brasiliense e o fotógrafo Tony D’andrea.


Pode parecer clichê, mas a verdade é que o surfe é movido pelo desejo de surfar a onda perfeita em um lugar paradisíaco e sem crowd. De preferência, um pico dividido somente entre você e seus amigos. Agora imagine se para realizar este desejo fosse necessário apenas pegar o carro e dirigir aproximadamente 40 minutos e pronto… simples assim. Tá bom, tenho que admitir que as ondas não chegam a ser tão perfeitas quanto aquelas que desenhávamos no caderno da escola durante aquela aula chata, mas com certeza são capazes de matar a secura de qualquer surfista fissurado.

“É uma ótima opção quando o fundo fica bom – sendo um beachbreak, não é sempre –, principalmente durante o verão no Rio de Janeiro, quando um pico sem crowd é raridade.”

– Bruno Santos

Pensando nisso, uma barca formada por eu, Bruno Santos, Rafael Brasiliense e o fotógrafo Tony D’andrea, partiu em direção a este pequeno refúgio no litoral carioca, onde o caminho, recheado de visuais alucinantes e muito verde, faz com que o percurso pareça ainda mais curto e a viagem se torne mais agradável. Ao chegarmos, fomos recepcionados por uma série de esquerdas com aproximadamente um metro que quebravam solitárias. Agilizamos para entrar na água o mais rápido possível, pois independentemente do lugar, a euforia de surfar boas ondas e sem crowd sempre vai te apressar em uma hora dessas.
Enquanto passava parafina e colocava as quilhas na minha prancha nova, pude assistir ao Rafael surfar o melhor tubo do dia logo na primeira onda. Atualmente morando na França, “Cyborg” mostrou que continua fazendo jus ao apelido, dado a ele em função de suas manobras muito potentes.

“Eu estava amarradão de fazer essa sessão de surf, como estou morando na França há quatro anos, fazia tempo que não fazíamos uma surf trip juntos, entre amigos. Com a presença do Tony lá para fazer umas fotos, fiquei ainda mais instigado, principalmente com essas duas feras do surf de Niterói.”

– Rafael Brasiliense

Depois de ver as primeiras ondas do dia serem surfadas por meus amigos, finalmente havia acabado o ritual de preparar a prancha nova para a primeira caída e saí correndo em direção ao mar. Surfei boas ondas e pude comprovar depois de algumas rasgadas e aéreos que o Claudio Valle havia acertado em mais uma prancha muito boa. Antes mesmo que eu entrasse na água, o Bruninho já havia surfado várias ondas boas e mostrado a técnica de sempre nos canudos, porém, o que marcou neste dia foram as rasgadas e um layback monstro na junção.

Depois de aproximadamente três horas de surf completamente sozinhos, saímos da água de cabeça feita e curiosos para ver as fotos feitas pelo Tony. O resultado, você confere nesta matéria que foi produzida com simplicidade por um grupo de amigos que têm o privilégio de viver situações em seu dia-a-dia, que muitas pessoas sonham em passar pelo menos uma vez na vida.

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