Neste domingo o paulista Miguel Pupo bateu Tiago Pires na decisão luso-brasileira do O’Neill Coldwater Classic, etapa Prime da ASP finalizada nas ondas congelantes de Waddell Creek, em Santa Cruz, Califórnia. Muito mais do que comentar a extraordinária vitória de Miguel ontem, hoje é dia de celebrarmos o momento especial que o surf brasileiro vive atualmente no cenário mundial.
Para início de conversa, vamos voltar a 2009, quando tínhamos apenas três atletas na elite mundial, Adriano de Souza, Heitor Alves e Jadson André. Um contingente muito baixo se compararmos com as temporadas anteriores, quando chegamos a ter até sete representantes no tour mundial da ASP. No ano seguinte, o número de atletas brasileiros cai para dois no WT, Jadson e Mineirinho. Mas esta foi a época em que o surf competição brasileiro passou por uma grande renovação. Nos eventos do Pro Junior e WQS, passamos a dar as cartas. Nomes como Alejo Muniz, Miguel Pupo e Gabriel Medina se tornaram comuns nos pódios dos eventos, chamando a atenção do mundo.
O tão criticado novo formato do circuito mundial, com a unificação dos rankings e o corte do meio do ano, passou de obstáculo a aliado do surf brasileiro. Isso tanto é verdade que já no ano seguinte à mudança, mais três brasileiros ingressaram no tour: Heitor Alves e Raoni Monteiro retornaram, e Alejo Muniz garantiu a sua vaga com uma combinação de resultados na última etapa em Pipeline. Alguns meses depois, Miguel Pupo e Gabriel Medina carimbaram seus passaportes, completando o esquadrão brasileiro no World Tour, hoje com sete representantes.
Em 2011 já vencemos nada menos do que três etapas do WT, com Mineirinho no Brasil e Portugal (onde derrotou Kelly Slater na final), e Medina na França. Além das vitórias de Medina no Prime em Imbituba e nas duas etapas seis estrelas do WS em Portugal e Espanha. Já Miguel, venceu dois Primes, um em Trestles e o outro agora em Santa Cruz, ambos na Califórnia. Lá no início da temporada, tivemos também a vitória de Alejo no Prime de Fernando de Noronha. Isso sem contarmos as etapas do Pro Junior e os WS abaixo de seis estrelas no Brasil.
Voltando ao Prime de Santa Cruz, a vitória de Miguel Pupo lhe rendeu, além do cheque de 90 mil dólares referente ao título geral das três etapas do O’Neill Coldwater Series (Nova Zelândia, Escócia e Califórnia), preciosos 6.500 pontos no ranking unificado, onde ocupa agora a décima oitava colocação. Logo atrás de Pupo, Willian Cardoso perdeu o duelo brasileiro na semifinal da Califa e terminou na terceira colocação, somando 4225 pontos e subindo da 43ª para a 36ª posição. Panda tem a sua frente no caminho até o G32, Yadin Nicol (lesionado), Patrick Gudauskas e Kieren Perrow que irão competir na etapa de São Francisco do WT, com excessão de Nicol. Portando, teremos que esperar até 0 final desta etapa para considerar as chances na Tríplice Coroa havaiana, que conta com um evento Prime em Sunset e outro seis estrelas em Haleiwa.
Além de Willian, Thiago Camarão (38º), Jesse Mendes (42º), Hizunomê Bettero (46º) e Junior Faria (49º), ainda podem pular pra dentro do grupo dos 32 atletas que iniciarão 2012 na elite do surf mundial.
Com os sete que já temos, e pelo menos dois que estão bem próximos da vaga, temos a possibilidade de fechar o ano histórico de 2011 recheado de vitórias importantíssimas e com o maior contingente brasileiro na história para a próxima temporada do circuito mundial. Quem viver verá.